precisamos de entrar mais vezes numa imensa roda de papos e prosas
aflorar os nervos sensíveis da poética
expressar vontades desejos medos e os erros aos quais estamos expostos
não precisamos sair a concordar
mesmo que para isso rebentemos a corda
muitos não querem mais as cordas amarradas em um mesmo eixo
e aqui concordamos com a exuberância dos livres
aflorar os nervos sensíveis da poética
expressar vontades desejos medos e os erros aos quais estamos expostos
não precisamos sair a concordar
mesmo que para isso rebentemos a corda
muitos não querem mais as cordas amarradas em um mesmo eixo
e aqui concordamos com a exuberância dos livres
precisamos de mais trocas e recíprocas
precisamos de expor nossas dissonâncias
precisamos de expor nossas dissonâncias
por vezes penso:
por que é tão difícil assumirmos discordâncias?
será porque fomos educados sob a égide educativa do consenso?
será porque fomos educados sob a égide educativa do consenso?
(Fernando Cisco Zappa, 08 fev. 2009).
precisamos tanger a roda
pois que a corda se rebenta
quando se afirmam parâmetros / atalhos / mostras
quando se fecha o círculo e se distorcem os ismos
quando prevalecem normas / dicções e achismos
quando se afirmam parâmetros / atalhos / mostras
quando se fecha o círculo e se distorcem os ismos
quando prevalecem normas / dicções e achismos
o amanhã é o contraponto do presente na contradança do futuro
que venham absurdos / desconstrução / preenchimento de abismos
que venham absurdos / desconstrução / preenchimento de abismos
no estalar de dedos / na voz dos dementes / nas bandeiras
dos ímpios e dos justos
dos ímpios e dos justos
que venham novos hálitos nos lábios dos Avulsos
e más maneiras nos brados comprimidos encarcerados nos vãos
do subterfúgio
e más maneiras nos brados comprimidos encarcerados nos vãos
do subterfúgio
que venham lâminas para cortar nós!...
(Hercília Fernandes, 10 fev. 2009).
Fernando Cisco Zappa é formado em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atualmente reside em Belo Horizonte. Difunde sua arte literária em verso e prosa no blog Cisco Zappa.
Ilustrações: Fá Duarte
gostei desse diálogo, especialmente no que tange à libertação das amarras da formalidade =)
ResponderExcluirque belo contraponto
ResponderExcluiressa contradança
nas manhãs
do absurdo
é bom sabermos mudos
talvez até abmudos!
e mesmo abismudos!
e
nessa voz semente
de novos hálitos
que o corte venha
abrir o melhor que temos
como diria nosso querido leminski
mudar é tudo que podemos!
abraços ternos!
Olá minha amiga Hercília! Esta "intersubjectividade poética" é muito interessante. Concordo quando se diz que é difícil assumirmos discordâncias. Para mim não é fácil. Não consigo olhar os poemas para fazer análise literária (até porque não sou especialista). Leio muita poesia e com isso aprendi que cada um tem o seu modo de se expressar. E só sei se gosto do poema, se ele me toca ou não. Este seu poema que aqui li, com o apelo à nossa opinião, mesmo se discordante, só posso dizer que o achei excelente. "Venham novos hálitos nos lábios dos avulsos... Que venham lâminas para cortar em nós..." Muito conseguido... Obrigada Hercília e um beijo.
ResponderExcluirBelíssimo diálogo.
ResponderExcluirAbraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO
Magnifico, Hercília! Já andei sondando o Fernando Cisco Zappa. Para mim é mais uma porta que se abre, pois ele traz no bolso, na mão ou no peito o canto de um novo olhar poético. Claro que concordo e espero que todos ergam a mesma bandeira. Li e reli COMBOIO I e II e fiquei maravilhada! É a poesia arte. Sair da mesmice é o que todos precisam.
ResponderExcluirParabens Hercília pela bela postagem! E obrigada por compartilhar um novo olhar literário.
Beijos, amiga
Mirze
Fernando,
ResponderExcluirdando continuidade à intersubjetividade poética, segue a corda:
]
nessas cordas de correspondência
fervilha a formalidade em padrões de literariedade
seja de ruptura ou de tradição
desde que não se reprimam possibilidades
e se afirmem ditaduras com normas obscuras
de uma entulhada convenção
o que se busca é a existência da palavra
com letras alvas / obtusas ou à bastão
na voz do lírico / do filósofo / do telúrico /
do profeta ou do pagão
pois que venham os aluísios / os machados / os fabrícios
e os freis da santa rita durão
os simbolistas com chumaços de sumos / de fumaça /
de uma amálgama ou dulcíssima digestão
os modernistas e os regionalistas com seus travos / desagravos
nas espingardas / nas alpargatas da Revolução
e os neoconcretistas com ausência de verso / de metro
e anuência de berro de significação
pois que nessas cordas de correspondência...
só se nega a linearidade
da opressão!
[
Abraços,
H.F.
Melódicos textos, flexíveis reflexões, instigantes acordes de sentidos! Amei. Beijos alados.
ResponderExcluirOlá AMIGOS,
ResponderExcluirmuito agradecida pelas visitas e considerações.
*Lorenzo,
mesmo a formalidade pode ser objeto de exploração e suscitar reinvenções, desde que sem arbitrariedade na opinião. Muito grata por sua visita e sinceridade na exposição.
*Fernando,
"concordamos com a exuberância dos livres", independentemente de crenças, normas e ismos.
*Graça, minha querida.
Suas palavras emanam generosidade e sabedoria. E o seu critério de apreciação é por demais sensato. Deixemos que o coração nos mostre a voz da poesia. Mas, respeitemos a liberdade de criação.
*Mirze,
a literatura do Cisco Zappa é tão boa, tão lúdica e tão rica em conteúdos que sintetizo em duas palavras: "trem bão!"
Lê-lo tem me sido uma prazerosa e enriquecedora brincadeira que gera multíplas experiências. O que é bom [ou bão] deve ser cantado aos quatro ventos. Esse é o meu norte.
Obrigada querida pela visita e gentis palavras.
*Miguel Barroso,
sua visita é uma honra para mim e suas palavras muito me alegram, poeta! Seja sempre bem vindo ao Novidades & Velharias.
*Ana luisa,
fico feliz que tenha apreciado essas cordas de correspondência. Muito me contenta a sua visita e amáveis considerações.
Forte abraço, AMIGOS.
H.F.
...
ResponderExcluirnós… à boca das nascentes.
nós… saciamos de tanta água.
que jorra, áridos produzidos.
que dois, humanos, estamos.
...
xaxuaxo
Já é bem antiga, esta postagem!...
ResponderExcluirE já há muito tempo que a não via...
Os meus cumprimentos.