quinta-feira, 9 de abril de 2009

Reflexão de Páscoa: "AMOR, dom real ou pedra de civilizar?"


"Ainda quando eu falasse todas as línguas dos homens e a língua dos próprios anjos, se eu não tiver amor, serei como o bronze que soa e um címbalo que retine.

Ainda quando tivesse o dom de profecia, que penetrasse todos os mistérios, e tivesse perfeita ciência de todas as coisas; ainda quando tivesse toda a fé possível, até o ponto de transportar montanhas, se não tiver amor, nada sou".

(São Paulo, Coríntios, 13:1-2)



Dom Real
(Danny Whitten/ W. Chappion / Versão: Melissa)

O amor é real
quando a gente
se dá por inteiro
num simples toque das mãos
ou palavras
que venham de dentro.

..................Nos faz fortes soldados
..................rumo a conquistar
..................mesmo que a batalha seja dura
..................vencerá só quem procura o amor,
..................o amor...

....................................O amor não traz dor
....................................tudo pode
....................................e tudo supera
....................................é um dom real
....................................não quer ver o mal
....................................nada pode matar
....................................nem distância
....................................nada é barreira.


"O amor e a pedra de civilizar"

Historicamente, os valores cristãos foram sendo incorporados as ideologias liberais burguesas, no Ocidente, para promover a formação de um Novo Homem e Nova Ordem Social pautada nos princípios de um humanismo universal, igualitário e fraternal.

O “amor” fora configurado como “enunciado discursivo” para constituição de uma Nova Civilização. Conforme pesquisas da História Cultural, no processo de revolução e contra-revolução da Revolução Francesa, o “amor” serviu como alicerce ideológico para sedimentar a evangelização do povo e compor os ideais modernos de mulher, criança, família e escola.

A burguesia, quando alcança o poder, alia-se aos valores da ciência moderna e do cristianismo a fim de conter os ânimos das classes populares e instaurar a conformação nos sujeitos sociais. Então, inicia-se um processo de disseminação - através de campanhas de evangelização, das novas idéias educacionais, práticas pedagógicas e dos livros escolares -, de imagens divinizadas das mulheres e das crianças com vistas a modificar, simbólica e objetivamente, o cotidiano e a vida privada.

Um exemplo de tal realidade é a obra educacional de Pestalozzi (1746-1827). Na obra pestalozziana “Como Gertrudes ensina a seus filhos” - livro que servira como manual na formação de educadores no final do séc. XIX e início do séc. XX -, o educador suíço atesta que:


Verdade, um homem pode por um tempo de sua existência viver sem fé, amor, razão, atividade, mas sua capacidade para a fé, amor e atividade nunca irão morrer sem ele. Quando alguém faz o apelo certo para o que de bom há no coração humano, certamente verá este coração se abrir (PESTALOZZI, apud ARCE, 2002, p. 142).


*Para saber mais sobre o assunto, ver:

ARCE, Alessandra. A pedagogia na “Era das Revoluções”: uma análise do pensamento de Pestalozzi e Froebel. Campinas, SP: Autores Associados, 2002.

HOBSBAWM, E. A Era das Revoluções – 1789-1848. 10. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.