
Seleta de poemas: Mário Quintana[1]
Das utopias
Se as coisas são inatingíveis... ora!
não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
a mágica presença das estrelas!
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...
Poeminho do Contra
Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!
Bilhete
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
O luar
O luar,
é a luz do Sol que está sonhando
O tempo não pára!
A saudade é que faz as coisas pararem no tempo...
...os verdadeiros versos não são para embalar,
mas para abalar...
A grande tristeza dos rios é não poderem levar a tua imagem...

Mário de Miranda Quintana, filho de Celso de Oliveira Quintana e de D. Virgínia de Miranda Quintana, nasceu em Alegrete (Rio Grande do Sul), em 30 de julho de 1906 e falecera,
A Rua dos Cata-ventos (1940); Canções (1946); Sapato Florido (1948); O Batalhão de Letras (1948); O Aprendiz de Feiticeiro (1950); Espelho Mágico (1951); Inéditos e Esparsos (1953); Poesias (1962); Antologia Poética (1966); Pé de Pilão (1968) - literatura infanto-juvenil; Caderno H (1973); Apontamentos de História Sobrenatural (1976); Quintanares (1976); A Vaca e o Hipogrifo (1977); Prosa e Verso (1978); Na Volta da Esquina (1979); Esconderijos do Tempo (1980); Nova Antologia Poética (1981); Mário Quintana (1982); Lili Inventa o Mundo (1983); Os melhores poemas de Mário Quintana (1983); Nariz de Vidro (1984); O Sapato Amarelo (1984) - literatura infanto-juvenil; Primavera cruza o rio (1985); Oitenta anos de poesia (1986); Baú de espantos (1986); Da Preguiça como Método de Trabalho (1987); Preparativos de Viagem (1987); Porta Giratória (1988); A Cor do Invisível (1989); Antologia poética de Mário Quintana (1989); Velório sem Defunto (1990); A Rua dos Cata-ventos (1992) - reedição para os 50 anos da 1a. publicação; Sapato Furado (1994); Mário Quintana - Poesia completa (2005); Quintana de bolso (2006).
(Fonte: Site Releituras - resumo biográfico e bibliográfico: Mário Quintana. In: http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp).
Nota:
[1] Seleta de poemas extraída do Site Jornal de Poesia (http://www.secrel.com.br/jpoesia/quinta.html#espelho) e do Projeto Releituras (http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp).