quinta-feira, 17 de abril de 2008

Seleta de poemas: Mário Quintana





Seleta de poemas: Mário Quintana[1]



Das utopias



Se as coisas são inatingíveis... ora!

não é motivo para não querê-las...

Que tristes os caminhos, se não fora

a mágica presença das estrelas!




Os poemas



Os poemas são pássaros que chegam

não se sabe de onde e pousam

no livro que lês.


Quando fechas o livro, eles alçam vôo

como de um alçapão.

Eles não têm pouso

nem porto

alimentam-se um instante em cada par de mãos

e partem.



E olhas, então, essas tuas mãos vazias,

no maravilhoso espanto de saberes

que o alimento deles já estava em ti...




Poeminho do Contra


Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!



Bilhete


Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos


Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...


O luar


O luar,
é a luz do Sol que está sonhando
O tempo não pára!

A saudade é que faz as coisas pararem no tempo...

...os verdadeiros versos não são para embalar,
mas para abalar...

A grande tristeza dos rios é não poderem levar a tua imagem...




Breve Biografia:

Mário de Miranda Quintana, filho de Celso de Oliveira Quintana e de D. Virgínia de Miranda Quintana, nasceu em Alegrete (Rio Grande do Sul), em 30 de julho de 1906 e falecera, em Porto Alegre (RS), no dia 5 de maio de 1994, próximo de completar 87 anos de vida. Ao longo de sua existência, Mário Quintana escreveu para jornais e revistas; fizera várias traduções, e sua atuação individual, no cenário da literatura brasileira, fora intensa e qualitativa; destacando-se as obras:


A Rua dos Cata-ventos (1940); Canções (1946); Sapato Florido (1948); O Batalhão de Letras (1948); O Aprendiz de Feiticeiro (1950); Espelho Mágico (1951); Inéditos e Esparsos (1953); Poesias (1962); Antologia Poética (1966); Pé de Pilão (1968) - literatura infanto-juvenil; Caderno H (1973); Apontamentos de História Sobrenatural (1976); Quintanares (1976); A Vaca e o Hipogrifo (1977); Prosa e Verso (1978); Na Volta da Esquina (1979); Esconderijos do Tempo (1980); Nova Antologia Poética (1981); Mário Quintana (1982); Lili Inventa o Mundo (1983); Os melhores poemas de Mário Quintana (1983); Nariz de Vidro (1984); O Sapato Amarelo (1984) - literatura infanto-juvenil; Primavera cruza o rio (1985); Oitenta anos de poesia (1986); Baú de espantos (1986); Da Preguiça como Método de Trabalho (1987); Preparativos de Viagem (1987); Porta Giratória (1988); A Cor do Invisível (1989); Antologia poética de Mário Quintana (1989); Velório sem Defunto (1990); A Rua dos Cata-ventos (1992) - reedição para os 50 anos da 1a. publicação; Sapato Furado (1994); Mário Quintana - Poesia completa (2005); Quintana de bolso (2006).


(Fonte: Site Releituras - resumo biográfico e bibliográfico: Mário Quintana. In: http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp).


Nota:


[1] Seleta de poemas extraída do Site Jornal de Poesia (http://www.secrel.com.br/jpoesia/quinta.html#espelho) e do Projeto Releituras (http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp).







5 comentários:

  1. Que idéia original, e quão bem escolhidos, os poemas!!!!!
    Hercília, você despertou o Gênio que em nós habita!
    Maravilhoso. Pior que não posso escolher um, pois amei todos!
    Grande feito, amiga.
    Beijos
    Mirze

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  2. Começo a conhecer esses grande poeta, que não conhecia.
    Cumprimentos

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  3. Poems

    Poems are
    birds that come
    nobody knows from where
    and touch down on the book
    you are reading.
    When you close the book,
    they take flight,
    as if fleeing from a bird trap.
    They have no resting place,
    no haven,
    they feed, for an instant,
    from each pair
    of hands
    and leave.
    Then, you look
    at your empty hands
    wondrously surprised
    to know
    that their nourishment
    was already in you...

    Mario Quintana
    (translated by John D. Godinho)
    Poems in Time’s Hiding Places

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  4. ON UTOPIAS

    So what if things are
    beyond our reach!
    No reason for not wishing
    them to be ours…

    How joyless would
    our paths be, were it not
    for the distant presence
    of the stars!

    Mario Quintana
    (Translated by John D. Godinho)
    On Utopias in The Magic Mirror

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  5. Love Note

    If you really love me,
    whisper it to me.
    Don't shout it from the
    rooftops, Let the birds in peace
    And let me be.

    If you really want me,
    be slow and easy, love,
    if you will.
    Because life is brief
    and love is briefer
    still…

    Mario Quintana
    (Translated by John D.Godinho)
    Love Note in Time’s Hiding
    Places

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