sábado, 23 de agosto de 2008

Sandra Almeida: "alma de poeta"


Há pessoas que caminham em nossos caminhos e nos oferecem suas casas e essências: armários, miudezas, quartos, reflexos d’alma... Assim é o poeta na “novidade de sua linguagem”, diz Bachelard. Assim é o analista na “isenção de sua síntese crítica”, adverte Massaud Moisés.

Sandra Almeida, poetisa e educadora paranaense e editora de poesia no Jornal O Rebate , é dessas pessoas que possui “alma de poeta”. Não por escrever versos e canções; não por oferecer uma página em sua coluna a poetas e poetisas que, como eu, buscam uma maior amplitude de difusão.

Sandra Almeida, além de fazer tudo isso – diga-se com beleza e seriedade! - faz com a isenção de ânimo que deve permear as ações do artista, analista, crítico e/ou jornalista.

Pode-se observar tal qualidade em sua poética quando o eu-subjetivo atesta que a sua lira não pretende ser igual a da musa etérea, fluída e diáfana da poesia modernista: Cecília Meireles; muito embora abra “caminhos em descaminhos”, pura expressão de devaneio, inventividade, liberdade:


Não Sou Cecília


Não sou Cecília,
mas caminho,
absorta na multidão,

Solitária.
Desenho meus descaminhos,
e busco,
felicidade!

Escrevo pra provocar.
Qualquer
acontecimento.

De repente,
surreal.

Que me surpreenda
e que ninguém,
se arrependa!

(Sandra Almeida In: http://www.almadepoeta.com/sandra_almeida.htm)


Ou quando, em versos curtos e profundos, reflete a precariedade dos fatos da existência e/ou a efemeridade do eu-emotivo que, diante do espelho, contempla a fugacidade do ser em pranto silencioso e sereno:


Reflexos


No espelho
Reflete
uma imagem
...pálida.

Descanso
Revejo
E
calo-me.

Envolvo
a alma
dolorida
e
choro.

(Sandra Almeida In: http://www.almadepoeta.com/sandra_almeida.htm)


Há isenção de ânimo, liberdade em sua criação. Sua poesia não pretende ser: ela é! Exatamente, por isso, caminha, perdura, materializa-se em linguagem, sensibilizando as emoções e o imaginário humano.

Essa liberdade é comum aos artistas que conseguem se postar também aos olhos do leitor. Aos que não pretendem transmitir posicionamentos estáticos sobre a vida, mas “sugerir caminhos de beleza”.

Tendo como princípio a liberdade de expressão, seja do autor ou leitor, Sandra Almeida também demonstra inteira isenção de ânimo em suas ações na coluna de poesia no jornal O Rebate.

No jornal, a colunista apresenta autores e textos sem conferir julgamentos de valor ao escritor ou à obra. Muito embora, com critérios claros e concisos, Sandra apresente-os com beleza poética; atribuindo, aos seus leitores, a liberdade semântica na interpretação das escritas. Para analisar tal realidade, basta o leitor realizar uma visita a sua página em O Rebate e verificar o tratamento que a poetisa oferece aos artistas.

Por essas e outras coisas, Sandra Almeida possui “alma de poeta”.

Reflexos Mudos

Escrevo como quem escreve
uma carta de amor nostálgico.
Distraindo meu “eu”... trágico,
visualizando nosso amor breve.

Minhas mãos deslizam frágeis,
entre um verso e outro, zombando,
das incertezas, sempre reverenciando.
diálogos de cenas ardentes e afáveis.

Na busca de uma das lágrimas,
que esquecida molhou minha alma.
Vagueio entre as palavras com calma,
na busca incessante de algumas rimas.

Uma luz ofusca o brilho das vitrines
que repassam minha vida numa tela.
E as palavras e rimas vêm e te defines,
num poema que chora e nos atrela.

(Sandra Almeida In: http://www.almadepoeta.com/sandra_almeida.htm)



Breve Biografia: Sandra A. Almeida, paranaense de Jandaia do Sul, tem 03 filhas e 02 netos. Foi ativista de movimentos sociais e estudantis nas décadas de 70 e 80. É Geógrafa, atuando no ensino público e privado há 27 anos. Autora de alguns projetos educacionais relacionados às questões ambientais e culturais dos povos indígenas da Região Norte. Costuma dizer: "Não sou profissional, na poesia me encontrei e sou feliz!" (Sandra Almeida).

Bibliografia: Antologias em 2007: 43 Anos Casa do Poeta Rio-Grandense. Antologia de 39 Poetas Brasileiros Contemporâneos. Antologia Internacional Del Secchio. Agenda Cultural 2008. Celeiro dos Escritores. Várias publicações no Jornal Alto Madeira e Rondônia ao Vivo (Porto Velho-RO). Colunista do Jornal on-line O Rebate (Macaé-RJ). Membro do SPJ (Sociedade dos Poetas Jandaienses).

Alguns Sites:

O Arebate:
<http://orebate-sandradealmeida.blogspot.com/>
Site Poetas Del Mundo: <http://www.poetasdelmundo.com/verInfo_america.asp?ID=3296>
Site de Salvador (BA)
<www.paralerepensar.com.br/sandrah.htm>
Sites Rio de Janeiro(RJ)
<http://www.cronicascariocas.com/poesias.html>
<http://www.cronicascariocas.com/poesias_sandrah.html>
<http://www.almadepoeta.com/sandraalmeida.htm
<http://www.almadepoeta.com/>
Site Recanto das Letras:
<http://recantodasletras.uol.com.br/autores/sandrah>
Site Usina das letras:
<http://www.usinadaspalavras.com/verautor.php?id_autor=2654>
Revista Sinceridade:
<http://groups.google.com/group/revista-eletronica-sinceridade/web/poetravessia?hl=pt-BR>


domingo, 17 de agosto de 2008

Seleta de Poemas: "Vozes Femininas na Blogosfera"



O Novidades & Velharias, iniciando o quadro Vozes Femininas na Blogosfera, traz a poética de algumas das poetisas que vem se destacando na Internet com suas percepções apuradas, imagens e canções.
Nesta seleta de poemas, o blog destaca o trabalho das autoras Bina Goldrajch, Bianca Feijó, Dyane Priscila e Taninha Nascimento.
As autoras e textos estão organizados mediante a ordem alfabética dos seus nomes, acompanhando breve descrição dos seus dizeres femininos e endereços eletrônicos dos espaços. Passemos às suas vozes líricas:


Bina Goldrajch: Sensível e versátil, a poetisa Bina Goldrajch manuseia, com maestria, a linguagem e expõe as sensações do eu-poético, sejam metafísicas ou carnais. Às vezes certo descontentamento e/ou pessimismo - diga-se não sufocante! - perpassa suas linhas, denunciando o estranhamento do homem pós-moderno nessa nova ordem de coisas. Escreve no blog “Deglutição de pensamentos” (http://degluticaodepensamentos.blogspot.com/), onde se encontram formas líricas e narrativas bem elaboradas.

Violenta
Vinha
lenta
lenta
lenta,
a calmaria.

Via,
lenta
lenta
lenta,
a estrada fria.

A inércia, antes, me aprazia,
agora anseio ventania.

Venta
lenta
lenta
lenta...

Fui e me esqueci:
volto algum dia.




Bianca Feijó: Escritora reflexiva e inspirada, Bianca Feijó expande, em sua bela prosa-poética, a inquietação filosófica, muito embora se recuse a tal experiência, já que “não filosofa, tem sentidos”... A belíssima poetisa publica seus genuínos e elevados pensamentos no blog “Bianca Feijó” (http://www.biancafeijo.blogspot.com/), em seu espaço encontramos formas líricas em escritas, sensivelmente, construídas.


Creio que irei morrer.
Mas o sentido de morrer não me comove.
Lembro-me que viver ou morrer são classificações como animais ou vegetais que tenham seu normal ou mais freqüente meio de vida. Apenas faço parte das coisas.
Aceito as dificuldades da vida porque fazem parte do destino – e acredito que sem elas não haveria propósito. Se me queixo?
Sim, me queixo como quem meramente aceita, e encontra uma alegria no fato de aceitar. É difícil tanto quanto sublime aceitar o natural inevitável.
Sei que o mundo existe, só não sei se eu existo.
Estou mais certa da existência da minha casa na praia do que a existência da dona da casa na praia.
Só sei que a vida passa e não estamos com nossas mãos enlaçadas.
Tudo que existe simplesmente existe, é uma velhice que nos acompanha desde a infância.
A realidade não é uma idéia minha, a minha idéia de realidade é que é uma idéia minha.
Por que será que Deus quis que não o conhecêssemos?
Eu não sou filosófica: tenho sentidos...
Se falo de coisa não é porque sei o que é coisa, mas porque a amo, e amo por isso. Porque quem ama nunca sabe o que ama, nem por que ama, nem o que é amar. Amar é a eterna inocência.
E, ao lerem meus textos – pensem que sou qualquer coisa.





Dyane Priscila: Jovem e apaixonadamente poética, Dyane Priscila escreve linhas sensuais e reflexivas. Há, em sua lira, a expressão delicada e profunda dos sentimentos e impressões do eu-lírico e as indagações dos valores humanos. Expande a sua sensibilidade feminina no espaço “Quimeras de mulher” (http://dyanepriscila.blogspot.com/), com critério e beleza.


Perdida nesta imensa multidão,
estou eu e meus sonhos,
estou eu e meus medos,
estou eu e minhas recordações.
Dentro desta multidão,
estou eu; e eu.
Vejo tantas faces,
olhares,
e nada sei.
Apenas imagino,
que em cada rosto que deparo em meu caminho,
há sonhos como os meus,
há medos como os meus,
há recordações como as minhas,
e neste oceano de gente,
almas, corpos. Inerentes.
Uma vontade imensa,
de realizar as proezas,
prometidas,
nas utopias criadas,
dia após dia.
E nesta imensidão,
de vida e morte,
se existe sorte,
ela escolhe apenas um.





Taninha Nascimento: Delicada e sensorialmente intuitiva, Taninha Nascimento traduz, em versos simples e profundos, o desejo pleno da liberdade e a busca pela desfragmentação do eu-lírico. Sua poesia é ardente e vibrante, traz à superfície um otimismo generoso em relação aos fatos da existência, muito embora denuncie, poeticamente, a não-plenitude do ser e o seu contínuo renascimento, como uma Fênix. Em seu blog “No rastro da poesia” (http://norastrodapoesia.blogspot.com/), o leitor encontra poemas, prosas e também a difusão de autores e textos que a sensibilizam.



Falas, então, de cores?
dores?
dissabores?
Você é preto
ou é branco.
Falas de temores?
horrores?
amores?
Eu... perto.
Você... longe.
Fizeste-me pó.
E eu - apenas -
era cinza.




Nota: O quadro “Vozes Femininas na Blogosfera” será permanente. As poetisas interessadas numa possível participação in matéria, poderão estabelecer um contato prévio com a editora deste blog: Hercília Fernandes.