domingo, 12 de julho de 2009

CECÍLIA MEIRELES & JOSUÉ DE CASTRO: Poesia, Medicina e a Utopia da Educação Integral em “A Festa das Letras”


Hercília Maria Fernandes

Tânia Maria Fernandes Oliveira

Antônio Basílio N. T. de Menezes[2]


RESUMO: O artigo discute os valores imbuídos na obra infantil A festa das Letras (1937), obra composta por dois célebres intelectuais brasileiros: Cecília Meireles e Josué de Castro. O estudo situa a obra infantil como “intervenção pedagógica” intencionalmente dirigida pelos intelectuais à criança, aos educadores e à família brasileira, de modo a promover ressonâncias junto ao projeto liberal de modernidade da realidade nacional. Para realização de tal feito, o trabalho estabelece aproximações com o discurso então hegemônico no campo intelectual brasileiro: o da “ciência da higiene”.

PALAVRAS-CHAVE: Cecília Meireles. Josué de Castro. A festa das letras. Ação pedagógica. Educação integral.



Introduzindo...


No entre-séculos constituía uma prática comum na criação literária nacional a adoção de parcerias entre profissionais de várias áreas para compor os livros de leitura que seriam adotados pelas escolas. Dentre as parcerias mais ilustres podem-se destacar a do escritor Olavo Bilac com o educador Manuel Bomfim e, também, de Bilac com Coelho Neto que compuseram livros, no gênero infantil, de grande repercussão no universo institucional, integrando a linha utilitarista, nacionalista e patriótico-cívica (COELHO, 1991; SANTOS, OLIVA, 2004).

Os primeiros anos de República configuram-se difíceis, o Brasil enfrenta sérios problemas de ordem política, econômica e sócio-cultural: fome, miséria, doenças, epidemias, alcoolismo, desemprego, abortos e práticas de infanticídio assolavam o país no entre-séculos. Por isso, suscita a implementação de ações político-sociais oriundas de campos e agentes sociais distintos, sobretudo em torno da educação escolar para as classes populares; já que a sociedade brasileira, historicamente, enfrentava os fenômenos do analfabetismo, da desnutrição e mortalidade infantil (GONDRA, 2002, 2004).

Nesse quadro de problemáticas sociais, surge, na década de 1930, a parceria entre o médico higienista Josué de Castro[3] e a poetisa e educadora Cecília Meireles[4] para compor, a convite da Editora Globo, uma campanha de alimentação lançada na época, por meio da elaboração de um livro infantil a ser difundido no campo escolar. No intuito de contribuir para minimizar o quadro de ignorância, analfabetismo e suscitar comportamentos e hábitos saudáveis de alimentação e higiene, os escritores especialistas em medicina e educação se propuseram à elaboração da obra infantil intitulada A festa das letras.


A Festa das Letras e os Ideais de Formação de um Novo Homem


O início do século XX configura palco de um cenário agitado de modificações políticas, econômicas, culturais e ideológicas que convida os intelectuais brasileiros para a “ação” (HERSCHMANN, 1996).

Josué de Castro e Cecília Meireles foram intelectuais que se propuseram à ação no espaço político e sócio-educacional brasileiro. Em Josué, destaca-se a missão social do médico no combate a situação de fome, desnutrição e mortalidade (ANDRADE, 1997). Em Cecília Meireles, a causa da educação movida pelo sentimento de justiça social para com a criança brasileira, sobretudo à infância de origem economicamente desfavorecida, que se encontrava ainda excluída do processo de instrução (NEVES; LÔBO; MIGNOT, 2001).

A convite da Editora Globo de Porto Alegre, os dois intelectuais se unem para elaboração do primeiro volume da Série Alimentação para ser difundido no universo educacional brasileiro, almejando promover ressonâncias no combate às mazelas sociais provocadas pela má alimentação e higiene.

O livro, composto por vinte e três poemas, segue o formato de um abecedário, onde cada letra do alfabeto corresponde a um texto específico que apresenta uma série de alimentos, preceitos de higiene e vida saudável. A obra fora lançada pela primeira vez em 1937, pela Editora Globo; e, em 1996, fora republicada pela Nova Fronteira que manteve a originalidade dos textos e as ilustrações feitas pelo artista plástico João Fahrion. Em nota atualizada do editor apresentam-se a obra e os seus autores ao leitor infantil (apud MEIRELES; CASTRO, 1996):


A festa das letras, lançado em 1937, foi o primeiro volume da Série Alimentação, que a Livraria Globo – antiga Globo de Porto Alegre, de Barcellos e Bertarso & Cia. – organizou a título de colaboração para uma campanha nacional da época. Os livros que compunham a série, dedicados ao assunto e adequados às várias faixas escolares, procurando aliar o rigor científico à graça e à simplicidade capazes de atrair a atenção do público infantil. Para isso forma convidados o dr. Josué de Castro – médico e uma das maiores autoridades brasileiras em alimentação – e Cecília Meireles – poeta, cronista e educadora.


Em A Festa das Letras (1937) se percebe a existência de um projeto educativo atrelado às idéias de sanitarizar, civilizar e modernizar a realidade nacional através da formação de hábitos saudáveis, dos benefícios da boa alimentação e digestão, do bom funcionamento do corpo humano e da higiene adequada. Na obra, as lições giram em torno de uma temática específica: a alimentação, atrelada aos preceitos de higiene e saúde.

A obra traz também um dado bastante chamativo: o uso de imagens, cores, formas, ludicidade. Há, conforme se observa no livro, a presença da intencionalidade pedagógica guiando o processo criador dos autores que buscam trabalhar os conteúdos de uma forma divertida, fazendo uso de várias linguagens para suavizar o feitio pragmático e fortemente funcional. Assim, os escritores se referem à obra: “A festa das letras procura ser um pretexto agradável para fazer chegar às crianças, revestidos de certo encantamento, esses primeiros preceitos de higiene alimentar, indispensáveis à sua vida” (MEIRELES; CASTRO, 1996, grifos dos autores).

Mediante esse “pretexto agradável”, o livro vai desenvolvendo através das letras do alfabeto uma verdadeira festa da alimentação e da saúde, como se pode ver no fragmento do poema de abertura (MEIRELES; CASTRO, 1996):


Ah! Ah! – pois o A, com a sua cartolinha bicuda,

parece o chefe do batalhão.

Pára na frente de todas as letras

e grita: A... A... A... A... Atenção!


Atenção! – que digo: Acorda, menino,

vamos ser Alegre, vamos ser Ativo,

eu te dou o Ar pra respiração,

eu te dou a Água, eu te dou as Árvores

e todas as belas

frutas Amarelas,

trago-te Apetite e Alimentação!


Venho dançando na frente do Almoço,

carregando Alface tão fina e tão fresca

que todos me pedem: “Quero uma porção!” [...]


Nos poemas, as letras do alfabeto aparecem maiúsculas e destacadas em negrito, chamando a atenção do leitor para a relação letras–palavras–significados. A forma literária adotada pelos autores consiste basicamente em uma cartilha, já que segue a ordem alfabética e apresenta um conjunto de alimentos que corresponde à letra em destaque. No texto acima, após a entrada da “Alface”, entram também em cena o “Agrião”, o “Arroz-doce”, a “Ameixa”, o “Aipo”, o “Abacate”, o “Araçá” e o “Abacaxi”. O que mostra a adequação da temática desenvolvida à problemática nacional também da alfabetização.

Segundo Coelho (1991) e Zilberman (2001), até o século XX abecedários constituíam modelos literários bastante empregados pelos escritores brasileiros. Na mesma época em que A festa das letras foi publicada, Erico Veríssimo lança, também pela Editora Globo, a obra Meu ABC. E, em 1939, publica Aventuras no mundo da higiene. Como se pode inferir tanto a preocupação com a alfabetização, como as questões relacionadas à higiene estavam em pauta nesse período.

A literatura infantil brasileira da década de 1920 aos anos de 1940 manteve o caráter utilitarista nas produções infantis do entre-séculos; e, na década de 1930, evidencia-se um certo antagonismo entre realismo e fantasia. Para Coelho (1991), tal antagonismo fora gerado em razão da difusão das novas conquistas da pedagogia, da psicologia, da sociologia, etc.; e, sobretudo, por meio das políticas e reformas educacionais realizadas nos estados brasileiros que impunham


[...] por um lado, a necessidade de se conhecer a Realidade de nosso país, de nosso governo, do caráter do brasileiro e de sua verdadeira natureza; por outro lado, o confronto entre o ensino leigo e ensino religioso. Tais divergências levam certos setores educacionais a se colocarem contra a Fantasia na Literatura Infantil e a exigirem, em seu lugar, a Verdade, o Realismo (COELHO, 1991, p. 242).


Desse modo, um dos aspectos em destaque de A festa das letras é a direção realista adotada pelos autores. Desde a linguagem à significação dos conteúdos, os autores desenvolvem as temáticas de uma forma precisa, objetiva, sem ofertar espaço para a imaginação do leitor. Conforme se pode observar no fragmento do poema referente à letra “D”:


Direito, Direito,

É o D que diz assim

Direito, Direito,

se gosta de mim.


Devagar com o Dente!

Não corra tanto, não!

Se mastiga mal

faz má Digestão!...

[...]


Dente sempre limpo,

Dente sempre são,

Dente forte, Dente duro,

Para boa mastigação! [...].


Para Marly Amarilha (1997), apesar de Cecília Meireles e Josué de Castro fazerem uso da rima e do refrão objetivando tornar o texto lúdico e de fácil memorização, isso não garante ao texto o status de produção literária. Considerando que enquanto é possível “brincar” com os “aspectos formais” da escrita, o mesmo não se realiza com o seu “conteúdo”, posto que: “A significação do texto está limitada pela mensagem de ‘saúde’ que deve ser veiculada”. Ou seja, Cecília e Josué organizam o poema de maneira a “[...] transmitir uma informação precisa. Embora o resultado seja agradável, esse texto não é literatura” (AMARILHA, 2001, p. 47, grifo nosso).

Na obra de Cecília Meireles e Josué de Castro - mesmo os autores fazendo uso de recursos estilísticos que tornam a escrita prazerosa: rimas, imagens, diminutivos, aliterações e onomatopéias - destacam-se claramente as intenções dos autores de alfabetizar, higienizar, sanitarizar, formar hábitos alimentares saudáveis e inserir o leitor nos princípios da civilidade. Ou seja, a ordem seguida pelos autores para construção do livro dar-se através da parceria medicina – literatura - educação.

A obra, conciliando poesia, ilustração, lições de alimentação e higiene, sinaliza para as “leis da civilidade” e “saúde do corpo”. Para as autoras Cunha e Bastos (2001), a obra de Cecília e Josué de Castro se integra à linguagem da modernidade, cujos intelectuais têm como metas, no momento histórico, a preservação da saúde do corpo e do espírito. Em suas palavras:


Conservar a saúde física e mental do corpo foi a tônica dos intelectuais desse período que, como Cecília Meireles, estavam comprometidos com a salvação nacional traduzida em um apostolado que pretendia orientar os hábitos de higiene para conservação da saúde e para formar o cidadão saudável, que poderá lutar em defesa da nação. Enfim, um cidadão civilizado, fruto da ‘raça nova’ e, por isso, consciente de seus deveres para com a família, a sociedade, a pátria, a humanidade (CUNHA; BASTOS, 2001, p. 206).


Desse modo, percebe-se que as noções de higiene, de alimentação adequada e do asseio pessoal em A festa das letras fazem parte de um projeto de modernidade para sociedade brasileira ligado à conservação da saúde e ao vigor do corpo para formar um brasileiro mais “são”. Nesse sentido, o objetivo central dos autores era através da obra produzir novos hábitos alimentares e práticas educativas junto as crianças brasileiras que ainda se encontravam expostas a altas taxas de desnutrição e mortalidade infantil.

Segundo Boarini (2003), Gondra (2002, 2004) e Herschmann (1996), o discurso médico perdurou durante anos sobre a educação brasileira. Dos fins do Império a República, a fórmula para promover a regeneração da realidade nacional incluía a saúde e a educação do povo para formar uma nação mais sã, educada e, portanto, civilizada.

As preocupações com a criança e a infância brasileira, nesse período, se deviam as influências das teorias evolucionistas do desenvolvimento humano, aliadas à moral positivista e cristã católica. Nesse sentido, Gondra (2002) alude que se destaca, no caso brasileiro, um projeto de transformação do social articulado à escola que efetua múltiplas interferências no âmbito da vida privada; cujas intervenções giravam em torno de uma “[...] racionalidade que também deveria se ocupar da infância, colocando-a no âmbito do extenso projeto de modelação higiênica dos sujeitos e do social” (GONDRA, 2002, p. 290).

Assim, medicina e educação passam a regular o cotidiano, cujos interlocutores, nutridos com as teorias de uma “ciência da infância”, prescrevem “[...] procedimentos, cujo início se daria no controle das condutas anteriores dos pais, estendendo-se até a ‘idade dos colégios’, demarcando fronteiras e instituindo empréstimos entre o espaço da casa e o da escola (GONDRA, 2002, p. 290).


Concluindo...


O discurso médico-higienista, no Brasil, compreendia as problemáticas da infância, da educação e saúde do povo numa posição invertida da realidade histórica (BOARINI, 2003). Um exemplo dessa realidade se expressa na obra A festa das letras (1937).

Apesar de Cecília e Josué, ao longo de suas vidas, terem demonstrado intensas preocupações com as problemáticas sociais brasileiras, nos textos de A festa das letras os intelectuais parecem simplesmente ignorar as reais condições de vida da população, prescrevendo uma série de alimentos que estão longe do conhecimento da sociedade e/ou da possibilidade concreta de aquisição; muito embora a obra tenha sido escrita com o intuito de contribuir no pleno equilíbrio da mente e do corpo da criança. Essa realidade pode ser observada nos versos do poema: “Sou o N – de Nata / quem me quer provar? / N de Nabo e Nabica – quem gosta de mim? Sou o N - de Noz, / quem me quer quebrar?” (MEIRELES; JOSUÉ, 1996).

Assim, é uma constância na obra a indicação de alimentos que estão longe da probabilidade de consumo da população, já que se destacam alimentos de origem, inclusive, estrangeira; o que denuncia a visão utópica dos intelectuais de que o problema da má nutrição e mortalidade infantil brasileira poderia ser resolvido a partir instrução da criança e, conseqüentemente, com a transformação de suas famílias.

A inversão da realidade histórica se evidencia na ação pedagógica de Cecília e Josué quando se observa, implicitamente, a justificativa de que a falta de saúde da criança - decorrente da má alimentação e dos maus hábitos - tem origem na ignorância das suas famílias sobre o uso adequado dos alimentos e de seus nutrientes. Igualmente, quando se associa à falta de higiene à ausência de educação, quando a realidade de moradia e saneamento básico da população carente impele a qualquer hábito considerado são, civilizado, europeu.

A festa das letras expressa, então, as contradições existentes nos discursos dos intelectuais brasileiros nos anos iniciais do século XX, que, amparados numa visão cientificista e elitista, contribuíram para promover a dissimulação do real e remeter as problemáticas sociais brasileiras ao plano do ideal. Ou, melhor, às causas "[...] simples como o N das ciências naturais"... (MEIRELES; JOSUÉ, 1996).


Referências


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ANDRADE, Manuel Correia de. Josué de Castro: o homem, o cientista e seu tempo. In: ESTUDOS Avançados. São Paulo, v. 11, n. 29, jan. – abri., 1997, p. 169-194.


BOARINI, Maria Lúcia. Higiene e raça como projetos: higienismo e eugenismo no Brasil. Maringá: EDUEM, 2003.


CARVALHO, Maria Chagas de. Pedagogia da escola nova, produção infantil e controle doutrinário da escola. In: KUHLMANN Jr.; FREITAS, Marcos Cezar (Org.). Os intelectuais na história da infância. São Paulo: Cortez, 2002, p. 373-408.


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Notas


[1] O artigo consiste fruto de pesquisa desenvolvida durante o Mestrado em Educação e se apresenta, aqui, como síntese de trabalho apresentado no 5◦ SEL - Seminário Nacional de Educação e Leitura, promovido pelo PPGEd / UFRN. Referência: FERNANDES, Hercília M.; OLIVEIRA, Tânia M. Fernandes; MENEZES, A. B. N. T. de . Cecília Meireles & Josué de Castro: poesia, medicina e a utopia da educação integral em A festa das letras (1937). In: 5◦ SEL - Seminário de Educação e Leitura, Natal-RN: UFRN, 2008.


[2] Autores: Hercília Maria Fernandes, Professora Mestra em Educação (UFRN); Tânia Maria Fernandes Oliveira, Professora Mestra em Educação (UFRN); Antônio Basílio Novaes Thomaz de Menezes, Professor Doutor, vinculado ao Departamento de Filosofia e ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UFRN.


[3] Josué Apolônio de Castro, filho de uma família de classe média de origem sertaneja, nasceu no Recife em 5 de novembro de 1908. Recebeu as primeiras letras com a sua mãe, professora primária, e sua formação inicial se deu no Instituto Carneiro Leão e no ginásio Pernambuco. O curso superior se realizou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e após conclusão em 1929, o médico retorna ao Recife e dedica-se a especialidade de fisiologia. Josué foi professor na Faculdade de Medicina do Recife, onde defende a tese O problema fisiológico na alimentação, no ano de 1932. Ao longo de sua vida, Josué de Castro deteve especial atenção à nutrição e às mazelas sociais decorrentes da má alimentação, moradia e higiene, publicando vários livros sobre a temática, dentre os quais se destacam: O problema da alimentação no Brasil (1933); Salário mínimo (1935); Alimentação e raça (1936); Documentário sobre o Nordeste e Alimentação à luz da geografia humana; Science et technique (1938); Fisiologia dos tabus (1939); e o seu principal livro que alcança grande repercussão no cenário científico Geografia da fome. A fome no Brasil (1946) (ANDRADE, 1997).


[4] Cecília Benevides de Carvalho Meireles, filha de funcionário do Banco do Brasil e de professora primária, nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 7 de novembro de 1901, e faleceu na mesma cidade em 09 de novembro de 1964. Sua formação inicial se deu no antigo Instituto de Educação do Distrito Federal, onde conclui os estudos na Escola Normal Estácio de Sá em 1917, passando a ensinar no curso primário, em um antigo sobrado localizado na Avenida Rio Branco (OLIVEIRA, 2007). Cecília teve uma participação intensa na literatura, imprensa e educação brasileiras. Em 1919, estréia na literatura brasileira com a obra Espectros, e, em 1924, publica a sua primeira obra no gênero infantil Criança meu amor. Em 1929, concorre com a tese O espírito Vitorioso à cátedra de Literatura da Escola Normal. De 1930 a 1933, ocupa a Página de Educação no Jornal Diário de Notícias onde desenvolve uma ação reflexiva dos problemas educacionais, políticos e sociais brasileiros, defendendo na imprensa carioca os ideais da Escola Nova. Em 1935 é nomeada professora da Universidade Federal do Distrito Federal e trabalha no Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), como responsável pela revista Travel in Brazil. Em 1938, inscreve o livro Viagem no Concurso promovido pela Academia Brasileira de Letras e recebe o primeiro lugar no concurso. Na década de 1940, Cecília ministra um curso de Literatura e Cultura Brasileira na Universidade do Texas (COELHO, 2002; OLIVEIRA, 2007). De 1940 a 1950, participa de conferências e congressos sobre folclore, tornando-se integrante do Conselho Nacional de Folclore (CNFL), desde a sua formação em 1947. E, no ano de 1949, profere três conferências aos educadores de Belo Horizonte, cujos seminários derivam o livro Problemas da literatura infantil (1951) (NEVES; LÔBO; MIGNOT, 2001).