Poetas se apaixonam...
Nada há de estranho nisso!
- Que dirá, pobre mortal, consigo?!
A palavra desce quente garganta ao umbigo.
E a estranheza?
[cá entre nós...]
também faz parte do ofício!...
(FERNANDES, in: Estranheza, 04 nov. 2008).
Desde que o blog de poesia HF diante do espelho fora criado, há cerca de dois anos, alguns amigos da Blogosfera deram-me o privilégio de ter publicações em seus espaços poéticos. A última postagem - já então apresentada no Novidades & Velharias -, ocorreu nesta semana feita pelo conterrâneo seridoense Moacy Cirne que incluiu o poema Alquimia em o Balaio Porreta n° 2559.
O gesto generoso do nosso querido Moacy levou-me a vislumbrar uma postagem específica de poemas postados em celeiros de amigos. Entretanto, para organização desta seleta, procurei reunir, exclusivamente, textos que divagam a temática “eu-tu”; compondo assim um painel de espelhamentos e reflexos duplicados que denomino de “poética da contemplação”.
Com esse critério de seleção, apresentarei aos leitores do Novidades & Velharias um dos motivos que perpassa as linhas de minha poesia. E aproveito a postagem para agradecer, formalmente, aos amigos que, gentilmente, abriram-me as portas de seus ninhos:
Às poetisas e educadoras Taninha Nascimento e Sandra Almeida; ao poeta e pesquisador português Vicente Ferreira da Silva e ao artista plástico João Werner, a minha sincera afeição e agradecimento.
Sinto-me inteiramente tua
(como poderia não sentir!?)
Sinto a lasciva que fulguras
Simulacro frágil de esculpir.
Sinto ensandecer-me: palavra tua!
Imensidão dèjá vu.
Sinto-me à tinta-mão fartura:
tinteiro
negro
cheio
cheiro
rosa, framboesa, carmim
jamais vu!...
(FERNANDES, 12 mai. 2008).
O texto Simulacro fora postado pelo poeta Vicente Ferreira da Silva d’Inatingível, em 18 de dezembro de 2008. Além de publicação n’Inatingível, o poema fora veiculado, em novembro de 2008, no Caderno Literário da editora Pragmatha de Porto Alegre, sob a coordenação da jornalista Sandra Veroneze, e também no Jornal O Rebate, pela poetisa Sandra Almeida .
O Oceano conspira-me a favor
banha-me com águas brandas e escuras
abraça-me fina estampa em flor
deixa-me névoa, rosada, falácia muda...
Sopra-me quatro ventos de agouras:
areias, réstias, plumas, alcovas...
Boas e más venturas.
O Oceano é um vale indescritível
lugar antevisto - jamais ponderável!
É alma, irmã, mãe do impossível crível
Ser plásmico no lastro do infinitivo.
O Oceano...
afaga-me os sentidos!
(FERNANDES, 18 mai. 2008).
Quatro Ventos foi uma das escritas publicada em seleta biográfica organizada pela poetisa e educadora Sandra Almeida em seu espaço poético no jornal O Rebate, em 23 de agosto de 2008. O poema também fizera parte do Caderno Literário da editora Pragmatha de Porto Alegre, em outubro de 2008. Além de Quatro Ventos, Sandra Almeida publicou outros textos de minha autoria, dentre os quais destaco:
Tua palavra
nunca terei!
Toque de mãos
menos ainda...
Boca molhada e arredia
É desdém que me cala e não me sacia!...
banho-maria
Um vilão que nada me alivia...
(FERNANDES, 15 abr. 2008).
O poema Quiromancia fizera parte da seleção de textos publicada por Sandra Almeida, no jornal O Rebate, em 23 de agosto de 2008.
Ou melhor,
sonhei que lhe procurava
entre entradas e corredores:
longos degraus,
e portas sempre fechadas.
aparecia em letras garrafais
Mas mesmo lá...
Eu sabia: - não podia bater
muito menos entrar!
Hoje sonhei com você
cenas bem reais:
[fantasmas
nos corredores]
[espinhos
nos varais]
[cravos e flores
nos arvoredos]
[pássaros e insetos
nos portais]
o mal que isso me faz!
(FERNANDES, 08 set. 2007).
Entradas & Corredores fora uma das minhas escritas postada pela amiga poetisa Taninha Nascimento, no blog No rastro da poesia, em 26 de fevereiro de 2008.
Há um travo na garganta
e um travão nos olhos.
e uma granula de ópio.
Há uma palavra não-dita
e um silêncio gritante.
e um chinelo azul verdejante.
Há uma roda viva
e um mar morto
e um cavalo solto.
Há coisas para serem ditas
umas - outras – melhoradas...
um riacho cheio d'alma:
nervo
alheio
em cascata.
(FERNANDES, 04 set. 2008).
A postagem do texto Cascata envolve uma pequena história. Ao buscar uma imagem no Google Imagens para ilustração do poema, localizei o site do artista plástico João Werner. Na postagem forneci, como é de direito do artista, os créditos autorais da obra. Então, dias depois, para minha alegria e surpresa, João Werner publicou o poema Cascata como documentação da veiculação de sua obra Na beira do rio na Web.
Sugestões de leitura:
No blog HF diante do espelho há outros textos que tratam da relação "eu-tu". Para os interessados no aprofundamento desse manancial de "contemplação poética", sugiro as seguintes leituras:
Ilustrações:
- Gustav Klimt.
- Autoria desconhecida.
- Irene Sheri.
- Gustav Klimt.
- Autoria desconhecida.
- João Werner.
Olá Hercília!
ResponderExcluirEsse vislumbre, esses poemas maravilhosos, enriqueceram meu domingo.
A grandeza e beleza que há em sua poesia,é algo incontestável!
Parabéns! Obrigada!
Beijos Grande poeta!
Carinhosamente
Mirze
muito bom,hercília.vou aos blogs que te publicaram.
ResponderExcluirum abraço.
romério
Hercília,
ResponderExcluiro teu verbo é comovente e forte.
a tua amizade é um privilégio, que enriquece a nossa existência.
beijos
Vicente
Olá amigos [Mirze, Romério e Vicente]
ResponderExcluirMuito obrigada pelas visitas e gentis palavras. Vocês me alegram a retina.
Forte abraço,
H.F.
Estive aqui. É bom dialogar sobre literatura.
ResponderExcluirObrigada Henrique, pela visita.
ResponderExcluirSinta-se em casa, Bardo, no Novidades & Velharias.
Aproveito para lhe informar que o blog constitui um caldeirão de "coisas sérias e não-sérias, minhas & suas"...
Por isso, caso queira contribuir com textos, poemas ou análises será um prazer postá-lo aqui.
Forte abraço,
H.F.
Belíssima postagem, H.F!
ResponderExcluirOs poetas que postaram os seus textos são sensíveis para saberem reconhecer uma boa poesia.
Parabéns a todos!
Abraço forte,
Maria clara.