SUGESTÃO DE LEITURA:
A Escola e a Sociedade e A Criança e o Currículo
Hercília Maria Fernandes
Universidade Federal de Campina Grande
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
O livro "A Escola e a Sociedade e A Criança e o
Currículo" corresponde a uma edição portuguesa de 2 (duas) obras do filósofo
e educador norte-americano John Dewey (1859-1952): The School and Society (1900) e The
Child and the Curriculum (1902). Publicado pela Relógio D’Água Editores (Lisboa,
2002), o livro está organizado em três partes; conforme exposição abaixo:
ÍNDICE:
Lista de ilustrações, 9
Lista de ilustrações, 9
A ESCOLA E A SOCIEDADE
Nota do autor, 13
Nota do Autor à Segunda Edição, 15
I. A Escola e o Progresso Social, 17
II. A Escola e a Vida da Criança, 37
III. O Desperdício na Educação, 59
IV. A Psicologia da Educação Elementar,
83
V. Os Princípios da Educação de
Froebel, 101
VI. A Psicologia das Ocupações, 115
VII. O Desenvolvimento da Atenção, 121
VIII. O Objectivo da História na
Educação Elementar, 131
PÓS-ESCRITO: TRÊS ANOS DE ESCOLA
ELEMENTAR UNIVERSITÁRIA, 139
A CRIANÇA E O CURRÍCULO, 155
Segundo explanação dos editores, a obra apresenta, “[...] de
modo sucinto, a inovadora filosofia da educação de John Dewey enquanto processo
experimental e centrado na criança”. Assim sendo, em A Escola e a Sociedade e A Criança e o Currículo, estudantes e educadores
poderão dialogar com os conceitos deweyanos de “interesse”, “esforço”, "experiência",
"inteligência", "educação" e "sociedade";
ampliando, dessa forma, a reflexão acerca da “vida” da criança na escola e do
seu natural instinto de atividade e experimentação, de modo a conferir às ações
escolares um sentido mais amplo de formação humana e de educação formal como prática
de democracia.
Para tal feito, faz-se necessária (ainda hoje?...) a edificação de
uma revolução copernicana na educação, capaz de realizar “uma transferência do
centro de gravidade”. Nas palavras de John Dewey (2002, p. 40-41, grifos do
autor):
Eu talvez
tenha exagerado um pouco, por forma a salientar bem os aspectos típicos da
velha educação: o seu incentivo à passividade, a sua massificação mecânica das
crianças, a sua uniformidade de programas e métodos de estudo. Aquilo que a
caracteriza pode ser resumido se dissermos que o seu centro de gravidade é
exterior à criança. Situa-se no professor, no manual, em qualquer parte e em
toda a parte excepto nos instintos e nas atividades imediatas da própria
criança. Quando assim é, pouco há a dizer sobre a vida da criança. Muito haveria a dizer sobre os estudos da criança,
mas a escola não é um local onde ela viva.
A mudança que tem vindo a ser introduzida na educação é uma transferência de
centro de gravidade. É uma mudança, uma revolução, não muito diferente da que
Copérnico iniciou ao transferir o centro astronômico da Terra para o Sol. No
caso em análise, a criança converte-se no Sol em volta do qual gravitam os
instrumentos da educação; ela é o centro em torno do qual estes se organizam.
E,
prossegue...
Se
tomarmos o exemplo dum lar ideal, onde o pai é suficientemente inteligente para
reconhecer o que é melhor para a criança e tem possibilidade de
proporcionar-lho, veremos que a criança aprende através do intercambio social
no seio da estrutura familiar. [...] Pois bem, se organizarmos e generalizarmos
tudo isto, teremos a escola ideal. Não há nisto mistério algum, nem se trata
duma maravilhosa descoberta das teorias pedagógicas ou educativas. É apenas uma
questão de fazer sistematicamente e duma forma ampla, inteligente e competente
aquilo que, por várias razões, na maioria dos lares só pode ser feito duma
maneira comparativamente mais pobre e ocasional. A criança deve contactar com
um maior número de adultos e de crianças, para que a sua vida social seja o
mais livre e rica possível. [...] Nesta escola, a vida da criança transforma-se
no objectivo dominante. Todos os meios necessários para favorecer o seu
desenvolvimento se centram aqui. Aprender? Certamente, mas antes de mais viver,
e aprender através e em interacção com esta vivência. Quando a vida da criança
passa a ser centrada e organizada deste modo, deixamos de vê-la acima de tudo
como um ente que ouve; a nossa perspectiva inverte-se radicalmente.
No Brasil, as problematizações e conceitualizações propostas por John
Dewey em torno da funcionalidade da escola, do sujeito que aprende e do quê,
onde, como, quando e para quê aprende, mediante as transformações em curso nas
estruturas da sociedade brasileira no século XX, foram
amplamente refletidas e difundidas pelo filósofo e educador Anísio Spínola Teixeira;
assim como por tantos outros intelectuais e educadores da chamada Nova Educação ou
Escola Nova, ou, ainda, Escola Ativa. Entre os diversos defensores dessa nova
educação, destaca-se o nome da professora, escritora e formadora de educadores
infantis “Heloísa Marinho”. A autora, não escondendo a orientação deweyana de “educação
pela e para a vida”, expandira os conceitos e os princípios educativos
defendidos pelo filósofo em fecunda produção bibliográfica de natureza pedagógica, em que se destaca o
livro Vida e educação no Jardim de
Infância.
Os livros de Heloísa Marinho, assim como a vasta obra do professor
Anísio Teixeira, colaboraram para edificar uma “tradição pedagógica” centrada na
criança e em seu natural e social desenvolvimento; contribuindo para
materializar uma forma escolar e um modo escolar (específico) de socialização da
infância nas instituições educativas, que, aparentemente, resistem à ação do tempo. Mesmo um século
após grande circulação da filosofia sócio educacional deweyana ainda é possível
reconhecer as marcas fundadoras dessa nova pedagogia. O que demonstra, em grande medida, a
atualidade do pensamento de John Dewey, e, de modo particular,
a importância de leitura e reflexão das obras A Escola e a Sociedade e A Criança e o Currículo.
Referências:
DEWEY, John.
A escola e a sociedade. A criança e o
currículo. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2002.
MARINHO,
Heloísa. Vida e educação no jardim de
infância. Programa de Atividades. 3. ed. Rio de Janeiro: Conquista, 1967.
*Para adquirir o livro: Livraria Cultura
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