quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Trajetória de sentidos: de livros & usos


Tem gente que não aprecia adquirir livros em Sebos ou realizar leituras em materiais usados. Em geral, as pessoas argumentam que os livros chegam com páginas rasgadas ou faltosas, com rascunhos ou sublinhados feitos à esferográfica azul ou vermelha, com as capas em péssimo estado de conservação, dentre outros danos ou empecilhos à boa apreciação. Há, ainda, os que se ressentem dos vendedores, que alegam o não cumprimento de envio do produto ou do prazo de entrega.

Argumentações e protestos à parte, tenho sido feliz com as minhas aquisições de livros em Sebos à distância. Foi assim durante a minha pesquisa no Mestrado em que pude adquirir obras preciosas de Cecília Meireles voltadas às crianças. E, igualmente, no Doutorado em andamento em que venho estabelecendo contato com livros de Heloísa Marinho e Nazira Abi’Saber, autoras do século XX, consideradas, hoje, de manuais pedagógicos.

Dessa maneira, sempre que almejo a aquisição de uma obra de difícil circulação recorro aos Sebos. Quando os livros chegam, sinto-me tomada pela emoção. Gosto de sentir, ver e ressignificar os sinais do tempo. Estabelecer, imageticamente, um perfil psicológico-afetivo ao usuário anterior e às condições de produção e circulação da obra. Tais experiências conferem maiores sentidos à leitura, tornando-a mais calorosa, mais dinâmica, mais viva.

Penso que esta deve ser uma das funções das bibliotecas: possibilitar, além do encontro dos(as) leitores(as) com a visão de mundo expressa/compartilhada pelo(a) autor(a), um grande encontro de leitores(as). Leitores(as) que, através do livro, se tocam, se energizam; que estabelecem, entre si, uma trajetória de sentidos.


Hercília Fernandes,
Cajazeiras, 09 de agosto de 2012.


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