quinta-feira, 8 de abril de 2010

8 de abril anoitece a poesia




por Lou Vilela


Minha poesia anoiteceu
verde-rosa-enlamaçada
metida em buscas
de letras soterradas.

Mutilada esper_nç_!
Executa-se um choro brasileiro
- origem, Rio de Janeiro.

Braços firmes a(bril)molecem
olhares que se misturam ao barro:
o artesão modela novos dias.


..............por Líria Porto


olhos barrentos
transbordam durante
as enchentes

transformam em charcos
os corpos cansados
de sofrimento


por Fafi


Mais de 200 pessoas mortas.
Enquanto só morrem os pobres
Não há Culpados ou Responsáveis.



por Hercília Fernandes


É preciso dizer:
- não é a chuva vilã!

Deus nem o diabo fazem história!

Homens clamam fortuna pela derrota
Criam morros castelos [ encostas ] de-
visões...

A marginalidade fabrica heroísmos
O altruísmo dos que, ano a ano,
fingem nada enxergar...

[ não é a chuva vilã!... ]




*Imagem do filme A névoa.


18 comentários:

  1. Os gritos, quando se somam, podem ser ouvidos à distância?!

    Significativa postagem, Hercília, neste momento em que, consternados, temos o dever de fazer a nossa parte – tantos criticam, mas nada fazem.

    Triste e nauseante é observar a atuação de correntes político-filosóficas que insistem em explorar a tragédia em prol de seus interesses e ignoram o principal: as vidas afetadas!

    O problema e o erro são antigos sim, necessitam ser corrigidos com a maior brevidade – isso é fato!, então, que no lugar da ‘caça às bruxas’ energias sejam somadas para evitar danos ainda maiores, bem como para a resolução definitiva e eficaz do problema.

    Obrigada minha cara, por fazer deste espaço um canal para propagar os nossos gritos, mesmo quando 'inaudíveis'.

    Lou

    ResponderExcluir
  2. cada dia uma coisa - e hoje as nuvens estão cinzentas... paga-se imposto até para respirar! as sepulturas são de lama...

    besos

    ResponderExcluir
  3. Lou,

    acredito que externar a nossa indignação já é uma forma de atuar politicamente. As eleições se aproximam e é preciso que se ampliem as discussões em torno da marginalidade a que muitos estão submetidos.

    Líria,

    o 8 de abril nos deixou nublados, não é mesmo? Aliás, esses dias têm sido cinzas...

    Um beijo, queridas Poetas!

    ResponderExcluir
  4. Difícil de escrever sobre esse tema. Vcs trataram de forma delicada. Poetisas sensíveis como vcs, que admiro.

    Beijo.

    ResponderExcluir
  5. Esses quatro pequenos-GRANDES poemas
    tocam-me com mais força
    que horas e horas de transmissão televisiva.

    Sentindo o dedo na ferida,
    agradeço pelo "alerta".

    Um bjo a todas,

    Talita.

    ResponderExcluir
  6. Lara & Talita,

    muito obrigada pela boas leituras e pertinentes considerações.

    Beijos, Amadas!
    H.F.

    ResponderExcluir
  7. É triste, verdadeiro, mas as vozes aqui escolhidas, gritam e espero que propaguem o que disse a Lou. Não é a natureza a culpada, ou como diz Hercília, não é a chuva, a vilã.

    Choramos lágrimas barrentas como a Líria e Fafi destacou a estatística.

    Esperança não pode faltar, embora já estejamos cansados das promessas dos governantes.

    Parabéns, Hercília pela iniciativa!

    A todas que se manifestaram, meu aplauso.

    Beijos

    Mirse

    ResponderExcluir
  8. Mirse,

    muito obrigada por trazer ao Novidades & Velharias a sua indignação e grito.

    Excelente leitura e clareza do acontecimento você nos mostra: obrigada!

    Beijos, minha amiga carioca!
    H.F.

    ResponderExcluir
  9. Forte..."Não é a chuva vilã"
    Acabo de ler a entrevista de Marcelo Novaes e estes tocantes poemas.

    Parabéns pelo seu trabalho.

    Cris

    ResponderExcluir
  10. A natureza não é culpada.
    A chuva não é vilã.

    É o homem
    - sempre o homem -
    a causa e o efeito
    do que lhe acontece.

    Aqui de Minas,
    entristeço-me duplamente:
    pelos tantos atingidos
    e pela inércia diante dos fatos.

    Pois oferecer
    abrigo e alimento
    é apenas um dever moral:
    solidariedade.

    Onde uma iniciativa governamental
    - séria, responsável e tardia -
    para minorar a tragédia
    e evitar as próximas?

    Muito obrigada, Hercília,
    pela oportunidade do desabafo.

    Um grande abraço,
    doce de lira

    ResponderExcluir
  11. É muito bom quando a poesia acontece seja por que motivo for. Parabém e beijos.

    ResponderExcluir
  12. Oi Hercília,

    todos os poemas postados são lindos e fortes na mensagem que transmitem... Uma voz poética uníssona em lamentação... Bj,

    Úrsula

    ResponderExcluir
  13. Cara Hercília,
    bom ter a sua sensibilidade: permite diminuir - ou aceitar - a dor. Parabéns pelos textos. Abraçso, Pedro.

    ResponderExcluir
  14. Cristina,
    Renata,
    Graça,
    Úrsula,
    Pedro du Bois

    Muito obrigada por virem ao Novidades & Velharias expressar opiniões sobre o fenômeno ocorrido em Niterói.

    Uma semana iluminada para todos vocês!

    Beijos,
    H.F.

    ResponderExcluir
  15. Olá!!Hercília Fernandes*
    Lou Vilela
    Líria Porto
    Fafi


    ****
    "Executa-se um choro brasileiro- origem, Rio de Janeiro."
    "corpos cansados de sofrimento..."
    "Não há Culpados ou Responsáveis.
    fingem nada enxergar..."
    "[ não é a chuva vilã!... ]"
    Palavras com sentimentos entre poesias sangrentas e mortais, o Rio de Janeiro chora entre lamas, o Rio do samba da alegria e da simpatia ;está de LUTO
    Como está a cidade Maravilhosa!!Como está o Cristo Redentor com braços abertos para um povo que se perdem em lama !!
    Sangrando com seus mortos ?
    Rio quarenta graus!!200
    mortos por abandono !De quem ?
    Nossa alguém na televisão gritou: do povo que levantou casa em lugar impróprio!!E agora joão /Maria/Pedro/Antonio/Carolina
    Todos em silencio no mar de lama entre seus pertences e parentes...(mortos corpos nus)
    Onde está o poder da cidade?
    a pobreza que cresce na mão do trabalhor e a riqueza que gera favela nos morros sem condições de sobrevivência.
    Onde está os 200 e muito mais eleitores ? Onde está nosso povo ?
    só queremos uma resposta ,que não venha do morro.Quero resposta do alto poder político. O povo não pode falar!!ele chora...morreu a democracia ,a igualdade dos direitos.
    Rosa

    ResponderExcluir
  16. Olá!!Hercília*

    "Quando digo onde está nossos mortos? Este momento é ilusório tento mergulhar na lama da procura onde sei que estão."

    BJS/*Rosa

    ResponderExcluir
  17. Obrigada, Linda Flor, pela clareza e profundidade de suas palavras.

    Um forte abraço, Rosa!
    H.F.

    ResponderExcluir