Tem
gente que não aprecia adquirir livros em Sebos ou realizar leituras em
materiais usados. Em geral, as pessoas argumentam que os livros chegam com
páginas rasgadas ou faltosas, com rascunhos ou sublinhados feitos à
esferográfica azul ou vermelha, com as capas em péssimo estado de conservação, dentre
outros danos ou empecilhos à boa apreciação. Há, ainda, os que se
ressentem dos vendedores, que alegam o não cumprimento de envio do produto ou do
prazo de entrega.
Argumentações
e protestos à parte, tenho sido feliz com as minhas aquisições de livros em Sebos
à distância. Foi assim durante a minha pesquisa no Mestrado em que pude adquirir
obras preciosas de Cecília Meireles voltadas às crianças. E, igualmente, no Doutorado
em andamento em que venho estabelecendo contato com livros de Heloísa Marinho e
Nazira Abi’Saber, autoras do século XX, consideradas, hoje, de manuais
pedagógicos.
Dessa
maneira, sempre que almejo a aquisição de uma obra de difícil circulação recorro
aos Sebos. Quando os livros chegam, sinto-me tomada pela emoção. Gosto de sentir,
ver e ressignificar os sinais do tempo. Estabelecer, imageticamente, um perfil
psicológico-afetivo ao usuário anterior e às condições de produção e circulação
da obra. Tais experiências conferem maiores sentidos à leitura, tornando-a mais
calorosa, mais dinâmica, mais viva.
Penso
que esta deve ser uma das funções das bibliotecas: possibilitar, além do
encontro dos(as) leitores(as) com a visão de mundo expressa/compartilhada pelo(a) autor(a),
um grande encontro de leitores(as). Leitores(as) que, através do livro, se
tocam, se energizam; que estabelecem, entre si, uma trajetória de sentidos.
Hercília
Fernandes,
Cajazeiras,
09 de agosto de 2012.
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